Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Aventuras de um português na Alemanha

Estou de volta

Após mais de 2 anos de ausência decidi retomar o meu blog.

Mais do que as saudades da família, do calor de Portugal, da francesinha ou da Superbock, sinto necessidade de exprimir aquilo que sinto ao ler e ver à distância acontecimentos em Portugal, quer sejam políticos, sociais, económicos, entre outros.

Julgo que está na hora de, enquanto cidadão, publicamente dar o que acredito ser um contributo para um Portugal melhor. Estando na Alemanha há mais de 10 anos, sempre com um pé em Portugal, julgo que reuni muita experência que quero partilhar. Quem sabe algum politico, empresário ou cidadão comum leia o que escrevo e possa também dar a sua opinião. Esta é a obrigação dos cidadãos, este será o meu espaço de contributo.

A Geração Rasca a aparecer no país

"A educação é muito bonita". Esta frase sempre me acompanhou ao longo da minha educação. Tendo sido criado na classe média Portuguesa, tenho de dizer que a nível de educação os meus pais sempre me deram da melhor. Não faltar ao respeito aos mais velhos, saber comportar-me, usar vocabulário adequado ao sitio em que estava, etc... E acredito que a maioria em Portugal também foi educada assim.

Mas aparentemente nem todos. Tenho reparado nos últimos anos por parte de figuras relevantes na nossa sociedade (principalmente políticos e jornalistas/comentadores) uma postura e tipos de linguagem bastante abaixo do rating da República de "lixo", e que não condiz com a responsabilidade que têm na sociedade. Refiro-me principalmente à forma como alguns se referem por exemplo ao nosso Presidente da República (mas não só). Se é verdade que uma vez o Alberto João Jardim o chamou "Sr. Silva", ele foi nessa altura criticado, e até se entendeu em parte o contexto de o ter chamado, ainda por cima vindo de alguém da mesma geração, e que se conheciam bem. Mas a forma como ultimamente alguns políticos se referem à mais alta entidade do país, é na melhor das hipóteses falta de sentido profissional e sinal de pouca educação. Se em geral a extrema esquerda abusa dessa falta de educação, os exemplos mais gritantes vêm no entanto da deputada Socialista Isabel Moreira, da deputada do Bloco de Esquerda Catarina Martins, e de alguns pseudo-comentadores como o exemplo da jornalista Constança Cunha e Sá.

Para além de a(o)s desprestigiar enquanto profissionais, a forma "arruaceira" como falam às vezes faz-me lembrar a lota de Matosinhos (com todo o respeito que tenho pelas peixeiras de Matosinhos), de onde sou. Estarão o parlamento e as televisões a tornar-se num mercado de peixe?

Tratar o Presidente da República, enquanto a mais alta figura do Estado, por "tu", por "Cavaco", é de uma falta de educação tal que se fossem minhas filhas (e sou mais novo que elas) levavam duas "bufatadas" bem dadas, e ficavam de castigo sem poder usar o Facebook durante 1 semana (no meu tempo era ficar sem poder jogar PC). Ofender o presidente da República à frente das televisões, como se estivessem no café, é algo que ultrapassa o aceitável para alguém que como elas querem ser respeitadas. Quanto mais não fosse porque o Presidente tem idade para ser pai da maioria delas.

Tentei perceber para mim próprio o porquê disto... Não pode ser do partido (o Álvaro Cunhal era um senhor), não pode ser do sexo (muitas mulheres na política e jornalismo têm nível.) Então ocorreu-me o seguinte... Muitos destes "arruaceiros políticos" fazem quase todos eles parte da chamada "geração rasca", geração esta que em 1994 foi assim apelidada porque se concluiu que era...rasca.

É isso... a famosa geração rasca começa agora a tomar lugares de poder em Portugal. Uma geração assim assim, um pouco "esforçada", que não sabia lá muito bem o que queria ser. Isso se calhar explica muito do seu comportamento público.

Se querem ser respeitadas, respeitem primeiro os outros... Elementar, caras deputadas!

Ich hätte gerne einen... galão!

galao-300x277.jpgO galão está a invadir a Alemanha, literalmente. Por inacreditável que pareça, o típico café com leite servido em copo longo de vidro tem vindo a ganhar fama por estes lados, principalmente nos últimos 6 meses, pelo menos em Frankfurt. Se até há bem pouco tempo apenas os termos italianos eram encontrados nos cafés alemães, o interesse pelo galão tem aumentado tal forma que já é destaque Gourmet em muitos cafés alemães. Não estamos a falar de cafés "tugas". Alguns colegas alemães chegam a perguntar-me o que é que o galão tem, mas eles parece gostarem. Cappucino, Latte Machiatto, e agora... Galão, com a descrição "portugiesischer Kaffee mit Milch". O made in Portugal está lá, e já não é o primeiro que vem ter comigo cheio de orgulho a dizer... Hoje bebi um "galau" (como eles pronunciam), com um sorriso nos lábios.

Espero que este sucesso não seja mais uma vez estragado por chicos espertos que inventem galão em chávena, ou galão em copo xpto... Galão é servido em copo do mais banal, e assim deve manter-se. E espero também que não digam que o galão foi inventado em Lisboa, tal como se tentaram apropriar do pastel de nata.

Mas os alemães estão rendidos a esta bebida tipicamente portuguesa! Já que somos nada economicamente, pelo menos que nos valha a cultura. :)

Porque paguei eu para votar no dia 4?

Após refletir bastante, decidi ir a Portugal votar dia 4 de Outubro. 400 Euros foi o preço do meu voto, "patrocinado" a peso de ouro pela Lufthansa. A minha consciência diz-me que o devo fazer, enquanto cidadão atento e revoltado com a incompetência dos políticos em geral.

Tal como muitos outros Portugueses, fui forçado a sair do país e procurar melhores condições noutro país. Portugal não me conseguia oferecer qualquer futuro para quem tem ambição na vida. Até aqui é uma história como de muitos outros milhares de Portugueses. Mas se disser que mudei para a Alemanha em... 2007, então temos de contar uma nova história, pois a minha decisão veio bem antes da crise. Na verdade, eu tinha um emprego em Portugal, numa das maiores empresas portuguesas. Tinha posição de grande responsabilidade, o trabalho era mais que muito. Não tinha no entanto algo importante: perspetiva profissional, e reconhecimento do meu trabalho. Algo importante para mim.

Ao contrário do que muitos pensam, a crise não apareceu apenas há 4 anos. As deficiências estruturais do País, com um setor produtivo quase inexistente, maus gestores e muita falta de culto da meritocracia, são alguns dos fatores que nos últimos 20 anos nos levaram ao declínio. O país viveu durante muitos anos acima das suas possibilidades, muito assente no consumo... um modelo totalmente insustentável. Um mercado de trabalho inundado de licenciados que não tinham empresas para os absorver, entre muitos outros problemas estruturais, era uma bomba relógio pronta a explodir.

Após a intervenção da Troika, Portugal tem devagarinho caminhado no sentido correto. O País, se quer ser competitivo, tem de reforçar em primeiro lugar o setor empresarial, de forma a criar produção e produtos de valor acrescentado. Isso vai criar naturalmente condições para criar empregos com salários bons, sem colocar em causa a competividade das empresas. Depois disso sim, o consumo pode crescer de forma sustentável, sem significar obrigatóriamente um aumento exponencial das importações.

O que o PS promete nesta campanha é exatamente voltarmos ao modelo dos últimos 20 anos. Assentar a economia no consumo irá inevitavelmente aumentar as importações, pois as nossas empresas não produzem os bens que estão associados a essa procura (iphones, carros, eletrodomésticos, etc...). Medidas como reduzir o IVA da restauração (como se o setor fosse mais que muitos outros), ou outras como eliminar portagens em algumas scuts (estou a ter um deja vu de PPPs), é estratégia errada, muito errada. É querer começar a construir a casa pelo telhado, para no curto prazo parecer bonito aos olhos de todos. Mas mais tarde ou mais cedo, a casa volta a cair.

Assim, prefiro o caminho de construir a casa corretamente, a começar pelas fundações, depois as paredes, e daqui a uns anos sim, poderemos aspirar a ter um telhado e uma casa bonita.

Não achando nennhum político especialmente carismático, escolho aquele que acho que é o que pode voltar a dar-me vontade de regressar um dia a Portugal. Dia 4 voto abertamente em Passos Coelho. Não poderia jamais votar em António Costa, que foi um traídor perante o seu antecessor, que não tem conhecimento dos dossiers, que promete muito, e que tem tiques de centralismo (ter sido presidente da capital só traz más companhias). Querer repetir receitas falhadas só pode ser de "burro" (sem querer ofender o senhor). E normalmente barrigas grandes signifca muito comer e pouco trabalho :P

O meu voto vale 400 euros, assim me disse a Lufthansa. Votar é um dever cívico, um exercício que nos obriga a todos a refletir, sem tabus. Há muito que não tinhamos umas eleições em que realmente se falou em progamas em concreto. E ao decidir, temos de pensar naquele que achamos que em 5 a 10 anos poderá trazer o país ao de cimo outra vez. E de todos, o da coligação é na minha humilde opinião o mais consistente. Ao longo dos últimos 4 anos (de forma geral), tem feito um bom trabalho. Podia ser melhor? Sim, podia. Mas a alternativa em Portugal não existe. O António Costa é na minha opinião um produto de marketing político e de suporte dos media instalados em Lisboa.

Resta-nos esperar por dia 4... Lá nos veremos!

Para onde caminha o jornalismo?

Embora ainda seja novo, lembro-me do tempo em que os jornalistas correspondentes falavam in-loco dos assuntos quentes do momento. Quem não se recorda do famoso "Carlos Fino, RTP, Moscovo!" ou da cobertura em Bagdad da primeira guerra do Iraque pelo José Rodrigues dos Santos. Quem não se lembra dos comentários em geopolítica do Nuno Rogeiro ou dos comentários de metereologia do Antímio de Azevedo.

Falo disto a propósito de um título esta semana no Jornal Público "Alemães admitem reparações de Guerra à Grécia e um casal até já pagou a sua". Embora o conteúdo do artirgo seja um bocado menos sensacionalista que o título, ambos continham imprecisões factuais abismais. Coisas que qualquer jornalista que passasse meio dia na Alemanha concluiria que era mentira o que se quis concluir do artigo.

É verdade que na Alemanha se discute este assunto, de forma séria, profunda, com argumentos pró e contra. Mas o mainstream aqui, isto é, a opinião da maioria dos cidadãos, dos analistas, é de que a Alemanha deve tanto à Grécia pela WWII como a Grécia deve à Alemanha por empréstimos não pagos no século XIX pelo rei da Baviera (na altura também rei na Grécia).

Tento ser um cidadão atento ao que se passa à sua volta. Tento seguir as notícias em Portugal, na Alemanha, na Europa, e no mundo. Mas a obtenção de informação credível, conteúdo jornalistico de qualidade tem vindo a ser cada vez mais dificil de encontrar. A geração do jornalismo de twitter, em que se substima o in-loco, em que se liga mais ao que se escreve nas redes sociais, sem questionar, do que à investigação jornalística, em que os fatos reais são menos importantes do que especulações, estão a describilizar o jormalismo de forma tão abrupta que poderá em breve levar à sua sub-alternização enquanto fonte de informação. Nas televisões, os politólogos (reais conhecedores das realidades especificas) são substituidos por pseudo-comentadores (Marcelo Rebelo de Sousa, Constança Cunha e Sá, Marques Mendes), que mais não fazem do que conversa de café, falando de tudo como se fossem oráculos, demonstrando às vezes grau de ignorância que os devia envergonhar. Em Portugal, atualmente, é muito pouco o bom jornalismo que se faz, tal foi a forma leviana como se usam as novas tecnologias para fazer jornalismo. O importante deixou de ir a fundo às questões, mas ser sensacionalista, superficial, sem falar dos porquês.

Quando se fala por exemplo de jornalismo económico (área em que estou mais dentro), as imprecisões são às vezes tão graves (já perdi conta às trocas dos jornalistas entre os termos pontos percentuais de percentagem, só para exemplificar, ou mil milhões com milhões) que me deixam pouca vontade para os voltar a ler.

Voltando ao artigo do Público... A superficialidade com que se abordou o assunto das reparações de guerra nesse artigo mostra que se calhar há que voltar a apostar por parte dos media nos correspondentes, e ter se calhar também melhores jornalistas. Questionar as suas fontes é fundamental. Generalizar que o fato de um casal alemão yuppie da Grécia que decidiu entregar dinheiro como a parte deles da dívida como representar o estado de espírito de uma nação inteira, é levar o jornalismo para o nível bem perto do lixo. O jornalismo vive atualmente numa fase em que pensa que se sabe tudo do mundo através das novas tecnologias, mas que não sai do escritório para questionar a realidade.

Podia falar também da forma amadora e sensacionalista como se tem analisado nos media o evoluir da crise Portuguesa ao longo dos últimos 5 anos. Mas não me apetece :) Valha-nos o Professor Medina Carreira para dizer algumas verdades sobre a realidade do país.

 

Angela Merkel e os licenciados Portugueses

Esta semana muito se tem falado em Portugal das palavras da Chanceler Alemã sobre o pretenço excesso de licenciados no país (que surpresa...). Mas a questão que tem de se analisar é: que quis dizer ela com isso e porque o disse? Há 2 dimensões a ver: a primeira foi a mensagem que ela quis mandar para dentro (Alemanha), a outra um alerta para os países visados. Primeiro a mensagem interna... A Alemanha, neste ano letivo de 2014/2015, teve pela primeira vez mais alunos inscritos em Universidades do que em "Ausbildung", os chamados "cursos técnicos". Embora isso possa parecer positivo à primeira vista, na verdade não o é. Isto porque a indústria Alemã precisa exatamente desses técnicos, que cada vez mais trocam essa formação por cursos superiores (vêm como potencial de maior salário e com menos transpiração). Só como exemplo, em 2013 na Alemanha ficaram por ocupar 20.000 empregos técnicos, sim 20.000! Isto é, houve 20.000 posições que as empresas não conseguiram preencher porque simplesmente não havia pessoas qualificadas para os ocupar (não com canudo, falo em qualificadas naquilo que fazem!). Assim, a Merkel, ao dizer o que disse, foi em primeiro lugar um aviso ao país dela: estamos a criar demasiados diplomandos, quando a nossa economia precisa mas é de pessoas qualificadas técnicamente, i.e, com cursos técnicos especializados. A Merkel, estando num congresso de IT, quis alertar os agentes internos (estudantes, universidades, politécnicos para esse problema e alertá-los, usando para "assustar" o exemplo vergonhoso de Portugal e Espanha). Agora a mensagem dela para esses países: Não interessa aqui olhar (como foi analisado erradamente nos média nacional) para a percentagem de estudantes universitários comparativamente aos outros países. Não se pode comparar, simplesmente porque a estrutura dos empregos é diferente entre países. Todos sabemos (é de senso comum) que Portugal tem demasiados licenciados e em áreas sem qualquer perspectiva de emprego. Ao invés, temos de olhar mas é para que tipo de empregos o país pode oferecer. Não é a oferta que vai moldar a procura pelas empresas de empregos, mas sim o contrário. Se acham que a economia Portuguesa apenas oferece empregos menos qualificados, então primeiro há que mudar a indústria, e sim depois arranjar a mão de obra que se adeque aos mesmos. Pensar de outra forma é assobiar para o lado e fazer-se de cego. E o maior cego é aquele que não quer ver. Por fim, olhemos para quem em Portugal comentou: tivemos claro os Dignissimos reitores que, vergonhosamente, preferem defender o seu interesse pessoal, e disseram que ainda precisamos de mais licenciados (para quê, se não há empresas para os absorver), os políticos a confundirem pessoas qualificadas com pessoas licenciadas (um técnico pode ser bem mais qualificado do que um licenciado), e os pseudo-comentadores das TVs a falarem contra porque sim (são literalmente incendiáros com agenda própria). Concluindo: a Merkel tem toda a razão nas palavras que disse, e o recado é para a Alemanha, e para os países do sul. A Alemanha,tem os seus licenciados todos empregues, porque tem empresas que os absorvem, mas não encontra mão de obra dentro de portas para funções técnicas, porque simplesmente as novas gerações aqui pensam à tuga (vamos tirar curso onde podemos ter vida mais fácil. Isto porque a vida na realidade nunca lhes saiu do couro.. saiu do couro dos pais).

Der Fall des Heiligen Geist

Normalmente Portugal costuma ser relativamente ignorado nos média alemães. Exceto algumas pequenas notícias, Portugal não é uma fonte interessante de notícias para os Germânicos. Somos para eles um povo simpático, boa comida, sol... e falido. No entanto, nem mesmo para falar de falência se referem muito a Portugal: falam sempre da Grécia, Espanha, Itália e numa segunda liga Irlanda e Portugal.

Foi assim durante os últimos anos com a crise na zona Euro. Uma notícia aqui e ali, mas pouco mais, normalmente apareciamos nas estatisticas.

No entanto, há um caso que mereceu grande destaque na imprensa Alemã (e não só): o escândalo BES. Numa primeira fase claro que o que despertou foram as consequências nos mercados internacionais da "nacionalização". Mas as notícias não pararam aí... Os média Alemães ficaram curiosos com a dimensão do tentáculo dos Espírito Santo. Um pouco como surpreendidos como é que um pequeno banco à escala Europeia tinha tantos interesses e influência no mundo, desde o Luxemburgo a Angola, Líbia e Dubai, Miami e Venezuela. Num jornal aqui havia um artigo interessante chamado "Der Fall des Heiligen Geist" - traduzindo "A queda do Espírito Santo", onde se falava do poder dos Espirito Santo e das desavensas familiares que levaram ao descalabro do banco.

Admito que eu há 3 meses se me perguntassem a ordem de falências em bancos portuugeses diria Banif, Montepio, BCP, BPI, e ficaria por aí. BES nunca... Mas uma coisa que não me surpreendeu foi o fato de que de "Espírito Santo" este grupo tinha pouco. Não tenho nenhuma "inside information", mas por tudo que lia desde há anos na comunicação social viamos que o GES estava sempre envolvido em coisas menos claras: da ESCOM há mais de 10 anos que se falava em tráfico de armas, de diamantes, etc... Do poder do Ricardo Espírito Santo e do seu poder tambem. Não sabia da história do DDT (Dono Disto Tudo), mas lembro-me de seguir na altura a OPA falhada da Sonae e de ouvir o Belmiro de Azevedo falar de coisas esquisitas que se passavam... BES, PT, Ongoing... tudo ligado.

Nunca tive conta no BES, e fico com pena da queda de um grupo Português com história e importância. A ganância de uns às vezes faz disto... Fico também triste por mais uma vez Portugal ser notícia internacional (WSJ, FT, etc etc) por más razões.

O positivo foi que desapareceu um tentáculo que de alguma forma minava a nossa economia. Se dava com uma mão (financiamento à economia), tirava com a outra e com os pés... corrupção, compadrio. E ao acabar, a sociedade fica mais livre de mais um polvo. Ainda ficam outros (sociedades de advogados, por exemplo), mas de mais um livrámo-nos (depois da queda do Jardim Gonçalves e agora da PT).

Uma coisa me intrigou no entanto: com este escândalo todo, porque é que a maioria dos políticos e comentadores evitam falar do nome Ricardo Espírito Santo? Será que têm medo dele? Será que têm rabos de palha? Porque pelo mesmo tipo de comportamento crucificaram, usaram e abusaram do antigo "big boss" do BPN. Batem todos os dias na CMVM e no Banco de Portugal, mas no ex-DDT nix, nadie, rien... E por incrivel que pareça, dos únicos que publicamente se distanciou foi o Primeiro Ministro. Alguma esperança que se calhar se pode liderar o país e combater lobies. Honra lhe seja feita pelo menos nisso.

Para terminar, uma nota... Será que seria possível manter no futuro o Novo Banco em mãos de Portugueses? É que me deixa triste uma após uma as empresas portuguesas deixarem de o ser. Porque o coração ainda manda, e se nao for este a a decidir, entao fica apenas a razão, e esta manda as empresas para onde os acionistas querem e são mais eficientes. Foi assim com a Cimpor, foi assim com o Totta, foi assim com a PT, e será assim com muitas outras. E sem empresas nacionais, não há economia Portuguesa que sobreviva e seja realmente competitiva internacionalmente.

Três dias de descanso... e ao sol

Estar há 7 anos na Alemanha faz cada vez mais sentir a falta do sol, do mar, da familia, dos amigos que estão em Portugal.

Decidi assim juntar-me à família perto da fronteira de Vila Real de Santo António. Embora Setembro, os dias estavam bons para poder ir para a praia e e ter algum descanso merecido do trabalho aqui na LatitudeN - por falar nisso, a empresa acaba de completar 5 anos de existência.

Fica a recordação...

 

PS: Porque razão a TAP não liga o Porto a Faro? Como fui de Frankfurt para o Porto no dia anterior, e de forma a poupar tempo para ir ter com a família, apanhei um voo da Ryanair OPO-FAR. 32 euros... incrível! Fosse de autocarro e pagaria mais e andaria mais 5 horas! O voo ía cheio, mesmo sendo 11 da noite. A questão é: se há procura, porque é que a TAP nunca se lembrou disso? Foi preciso uma empresa Irlandesa fazer algo pelos nortenhos?

Olhando para o regionalismo aqui na Alemanha, o Norte tem cada vez mais de lutar por si só. Se estamos à espera do poder central decidir investir fora da capital, estamos tramados: os interesses de Lisboa sobrepôem-se sempre à custa da economia regional e das populações. Como diriam outros "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem." Paisagem... o car$%&!

Rating das televisões em Portugal: lixo

Será admissível que num país Europeu do século XXI os telejornais em horário nobre fiquem 40 minutos desde a sua abertura a falarem de um clube de futebol que ganhou um campeonato? Eu digo 40 minutos porque esse foi o minuto em que desliguei o Jornal da TVI, após ainda ter tido esperança de ver alguma outra notícia que marcou a atualidade em Portugal e no mundo, e talvez ouvir o comentário do Professor Marcelo.

Eu até posso aceitar, enquanto cidadão, que abram o telejornal a referir tal proeza (4 anos depois o Benfica é campeão), mas os canais portugueses gostam da festa... de mostrar o inutil (às tantas ligaram em direto para Paredes onde estavam umas 20 pessoas a festejar). E onde ficou a informação?

Eu gosto de futebol. Mas 40 minutos??? Caramba, as televisões que têm o dever de educar e informar na verdade são lixo. Puro lixo informativo, onde o assessório e especulativo é mais importante que o informativo. Não aprenderam estes "jornalistas" (faço entre aspas porque julgo que envergonham a categoria da profissão) qual a sua missão? A sua função enquanto mensageiros da informaçao? Mas nao... importante era mostrar 15 camaras a apontar para o nada e a repetir 30 vezes o mesmo. É assim tao importante para o país a vitória (mais que anunciada) do Benfica como campeão nacional?

 

Após desistir ao minuto 40 onde ainda ía a reportagem, resolvi entao procurar outras fontes de informação (neste caso o site do jornal Público) e pude então informar-me do que se passou neste mundo e que, de acordo com as nossas televisoes, não merecem destaque nem ao minuto 40. Será que não haviam assuntos tão ou bem mais atuais e importantes? Pois bem:

- A situação na Ucrânia está a escalar para um nível preocupante de violência: a guerra civil pode estar por dias

- Morreu um grande estilista nacional: Augustos

- O PS subiu nas intenções de voto para as Europeias

- Foram a enterrar os 2 pescadores de Vila do Conde que morreram na faina esta semana

- Continuam as buscas para procurar sobreviventes no naufrágio na Coreia

- Mau tempo no regresso da Páscoa: bastantes acidentes

- O Benfica é campeao nacional de futebol

(e outras...)

 

Fico triste com a lixeira das nossas televisões: fiquei eu à espera de informação (e a levar por cima, antes das 20:00, com um programa pimba de música pimba que explora o sentimento e necessidade das pessoas para telefonarem na esperanca de ganharem um prémio) - outra tristeza - das muitas que as nossas tvs nos presenteiam.

Comparo com a Alemanha: as noticias são dadas de forma sucinta, objetiva, e com conteúdo. Em 30 minutos é o tempo máximo que dura um telejornal aqui. Os cidadãos exigem este rigor, serem informados. Paga-se por isso, claro (aqui cada habitacao tem de pagar obrigatoriamente 17,90€ por mês de taxa de audiovisual: sim, eu e todos aqui pagam mais de 200 euros por ano  para isso. É muito... milhares de milhões de euros, mas até fico a pensar que "ainda bem que pago", pois para ter a vergonha dos telejornais em Portugal estou disposto a pagar esse valor.

 

Julgo que os media em Portugal (pincipalmente em Lisboa) pensam que o povo ainda é provinciano. Estão errados, e estão a subestimar a sua inteligência. Mas o lixo ainda vende, e enquanto vender acho que continuarão a fazer o mesmo. Mas nao se admirem por perderem audiências todos os anos. Até irem todos para a rua despedidos pela falência.

A televisão está ao nível de lixo. Os media em geral em Portugal estão ao nível da divida suberana, dos nossos políticos e de muitos empresários. Tenho de conlcuir que está bem para o país que temos... infelizmente!

Uma marca em português na Europa

O artigo começa com «Farol significa traduzindo do Português "Leuchtturm" tendo como simbolismo "aquele que guia"»

Assim começa o artigo que o jornal 'Darmstadt Echo' escreveu esta semana sobre o Farol City Guides, após uma entrevista que lhes concedi a propósito do lançamento de um novo destino, Darmstadt. (ler artigo)

Tenho de admitir que até o ler esta semana nunca me tinha realmente debruaçado sobre uma questão interessante: o produto que criei e que quero expandir no mundo usa um nome português. ;)

A verdade é que nem sempre é fácil impôr o português como nome para produtos internacionais. Existem claro exemplos como a Salsa ou outras, no entanto as empresas portuguesas tendem a usar nomes estrangeiros quando chega a altura de se impôr no estrageiro.

O "Farol" começou por ser o nome do projeto na ESA - FAROL Project - assim lhe chamámos quando iniciámos em final de 2009.

Chegada a altura de entrar no mercado, uma decisão havia que ser tomada: que nome usar para uma aplicação que vai ser usada tanto por portugueses, como russos, americanos, italianos, alemães ou mesmo iranianos?

Sendo que sempre me inclinei pelo nome Farol, pelo seu simbolismo, comecei no entanto a inquirir colegas e amigos estrageiros do que lhes parecia a palavra... a que lhes soava quando a diziam.... como soa o nome na sua língua... E acabei por chegar à conclusão que o nome "Farol" afinal não soa assim tão mal aos ouvidos de um estrangeiros.

Vindo Farol do latim e grego, tem pronúncia semelhante em todas as línguas latinas (espanhol, italiano, francês), o que lhes permite associar o nome ao simbolismo. Para todos os outros, fica a imaginação de que o logo tenha algo a haver com as letras F A R O L.

Para mim fica a satisfação de que, embora à escala micro, tou a dar o meu contributo para expandir o português por este mundo fora, neste caso um "city guides"

Note-se que não estou a ser provinciano nem "orgulhosamente Português". Eu sinto-me Português, não o escondo de ninguém. E naquilo que está ao meu alcance tento ajudar a mostrar a nossa cultura, tradições... quem nós realmente somos. Não vendo no entanto o Farol como marca portuguesa, mas está na essência do produto (o nseu nome) essa portugalidade está lá. E é assim que devemos conquistar a nossa identidade: sem a impor, mas integrá-la. Farol (PT) e City Guides (EN).

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.